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Combater fake news é simples

Na falta de uma legislação que coíba abusos e imponha penalidades aos falsificadores, Marília Fiorillo tem a fórmula: nunca reproduzir, nunca repassar, verificar e deletar

Jornalismo
Por: Jornalismo
10/07/2024 às 10h04
Combater fake news é simples

De acordo com a professora Marília Fiorillo, combater fake news pode ser mais fácil do que parece. Seria necessário, claro, uma legislação que coibisse abusos e impusesse penalidades aos falsificadores de plantão, esse seria o caminho ideal, num mundo ideal. “Mas, neste mundo em que os Elon Musks detêm um poder estratosférico, que gargalha dos Estados nacionais e debocha das leis, e o fato de que 99,9% das fake news são financiadas pela extrema-direita internacional e nacional, pretender combater fake news através de elogiáveis regulamentações ou decisões judiciais é como achar que se pode deter um tsunami com alguns ventiladores colocados na praias, soprando na direção contrária”, argumenta Marília. Por outro lado, a colunista reconhece que as fake news são atraentes, além de lucrativas, o que se deve ao seu sensacionalismo. Na falta de pão, diz ela, nos sobra o circo.

“Fake news mobilizam duas emoções viscerais: a pulsão repetitiva do vício, e o prazerzinho de ver o outro se dar mal. Freud chamava essa segunda emoção de schadenfreude. Há uma anedota sobre a inveja que esclarece isso: prometeram a um invejoso dar-lhe o que quisesse, desde que seu vizinho recebesse o dobro. O invejoso, então, pediu: furem só um dos meus olhos. O doutor Freud sabia que, em essência, continuamos primitivos, belicosos, irracionais. O Mal-Estar na Civilização trata disso. Daí a fórmula clássica, que pode arrepiar à primeira vista: civilização é repressão, isto é, sua supressão pelas normas e tabus que tornam possível a vida em comunidade”, diz a colunista, na opinião de quem “hoje depende muito de nós, de cada um, frear a praga das fake news. Como a que ocorre na tragédia climática do Rio Grande do Sul e em outras fake news, ou narrativas, de crimes premeditados pelo mundo”.

Marília dá a fórmula: “Nunca reproduzir, se você desconfia do remetente, ou do tom rancoroso, escandaloso ou pseudo denuncista. Mesmo os bons samaritanos, que reproduzem mentiras e calúnias com a melhor das intenções, para desqualificá-las ou alertar contra elas acabam dando munição ao inimigo, pois inadvertidamente somam-se aos que disseminam barbaridades e a barbárie. Então: nunca repassar, nunca reproduzir, não dar bola – pausar por cinco minutos, respirar, verificar e, provavelmente, deletar”.

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Marilia Fiorillo
Marilia Fiorillo
Professora de Filosofia Política e Retórica da Escola de Comunicações e Artes da USP. Entre seus trabalhos publicados mais recentes estão O Deus Exilado e o ensaio "The shifting map of religious proclivity in Brazil, and how the media prospect is seemingly unable to deal whit it", na coletânea Religion on the Move. Prêmio Jabuti em 1981 e 1999, trabalhou como jornalista em Veja e Folha de S. Paulo, e foi editora de política internacional na revista Isto É.
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