Um dos estudos mais importantes apresentados no último Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) avaliou a aceitação e os resultados da telemedicina no cuidado dos pacientes com câncer de pulmão avançado.
A pesquisa envolveu 1.250 pacientes recentemente diagnosticados com tumor de pulmão de não pequenas células avançado. Divididos em dois grupos, eles participaram de sessões de cuidados paliativos a cada quatro semanas, realizadas por meio de visitas por vídeo ou presenciais. Nestas consultas, os profissionais de saúde abordaram sintomas físicos e psicológicos, e aspectos como enfrentamento e compreensão da doença, preferências de cuidados e decisões de tratamento.
Depois de seis meses, os resultados mostraram análises equivalentes na qualidade de vida dos pacientes, entre os grupos de telessaúde e de atendimento tradicional.
Para o autor principal do estudo, Joseph Greer, “a telessaúde tem o potencial de reduzir substancialmente a carga sobre os pacientes, os médicos e os recursos de saúde, ao mesmo tempo que mantém a qualidade dos cuidados”. O pesquisador acrescenta que as descobertas destacam a necessidade de adoção da telessaúde “de forma mais ampla em padrões de cuidados paliativos baseados em evidências”.
Esses dados colocam uma luz sobre os debates em relação à telemedicina em todo mundo e, claro, aqui no Brasil. Pesquisas que mostram a eficiência deste sistema, quando bem organizado e conduzido, dão subsídios para a expansão deste serviço, especialmente num país com dimensões continentais e com recursos bastante limitados.
Em novembro do ano passado, o Instituto Vencer o Câncer realizou o II Encontro Nacional Sobre Políticas Públicas em Oncologia. Na abertura do evento, contamos com a participação da Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad.
Debatemos com ela a necessidade de expansão dos programas de Saúde Digital em benefício de todo o Sistema Único de Saúde, particularmente para o paciente com câncer, que necessita de uma atenção especializada.
Ana Estela Haddad citou a criação do projeto para promover a Saúde Digital na Oncologia. A ideia, já em desenvolvimento, cria uma rede de atenção à linha de cuidado com tecnologias emergentes, primeiramente com o foco em tumores de mama, colo de útero e próstata, que estão entre os mais incidentes na população brasileira. A secretária também destacou a importância da transformação de dados em indicadores, que representam informações estratégicas no desenvolvimento das políticas públicas para o câncer no país.
Recentemente, em conversa aqui no Futuro Talks, falamos sobre telemedicina, pesquisa, inovação, inteligência artificial, como estes avanços tecnológicos podem ter impacto na Saúde e, especialmente, na jornada do paciente oncológico.
Reforço, então, meu posicionamento: a tecnologia só cumpre seu papel integral se conseguir aumentar o acesso ao cuidado. Não podemos usá-la como mais um instrumento de desigualdade. Entre todos os cenários fantásticos que ela pode proporcionar, o mais ideal, com certeza, é o de garantir o melhor tratamento possível a cada pessoa que recebe o diagnóstico de câncer.