As eleições de 2024 em Cotia revelaram uma triste realidade: a cidade não elegeu nenhuma mulher para a Câmara Municipal, mantendo a ausência de representatividade feminina em sua política local. Com a decisão dos eleitores, que optaram por 17 candidatos homens, Cotia completará 40 anos sem uma representante mulher na câmara, um marco preocupante para a igualdade de gênero na política.
A última vez que mulheres ocuparam cadeiras na Câmara de Cotia foi em 1982, durante os últimos anos da ditadura militar. Gilda Pompeia, do PMDB, e Sonya Gaioto, do PT, foram eleitas e permaneceram em seus cargos até 1988. Desde então, a cidade não conseguiu eleger mais nenhuma mulher para o legislativo local, refletindo uma continuidade alarmante na sub-representação feminina.
Dentre as candidatas que participaram da eleição, algumas se destacaram em termos de votos, mas não o suficiente para garantir uma cadeira. Renata do Quinzinho, do Republicanos, foi a mais votada entre as mulheres, com 1.566 votos. Em seguida, Carla Mulheres de Todas Lutas, do PSOL, obteve 827 votos, e Lena Marques, da Mobiliza, alcançou 679 votos. Outras candidatas, como Noemia Gaia (PDT) com 633 votos e a Professora Irene Prestes (PSD) com 627, também não conseguiram se eleger.
A ausência de mulheres na Câmara Municipal não se deve apenas à falta de votos, mas também a um sistema político que, em sua estrutura, muitas vezes não favorece a participação feminina. A escolha dos eleitores por candidatos homens indica uma continuidade de padrões que marginalizam as vozes das mulheres em decisões políticas cruciais.
A falta de representatividade feminina tem consequências diretas na formulação de políticas públicas e na promoção de iniciativas que atendam às necessidades de todas as partes da população. Sem mulheres na Câmara, questões como saúde, educação e segurança, frequentemente abordadas sob uma perspectiva feminina, podem ficar em segundo plano.
O movimento por igualdade de gênero na política é um chamado urgente, e a situação em Cotia é um reflexo de um problema maior que afeta muitas cidades brasileiras. Enquanto outras regiões começam a promover a inclusão de mulheres em suas câmaras e assembleias, Cotia parece estar estagnada, continuando a sua trajetória de exclusão.
Com as próximas eleições municipais programadas para 2028, a expectativa é que haja um esforço renovado para fomentar a participação feminina e garantir que as vozes das mulheres sejam ouvidas. Organizações civis, coletivos feministas e partidos progressistas têm a responsabilidade de mobilizar e apoiar candidaturas de mulheres, garantindo que a próxima geração de eleitoras e eleitores tenha opções representativas.
Cotia, ao completar 40 anos sem mulheres na Câmara, lança um alerta: é hora de reavaliar e transformar a forma como a política é feita. A inclusão de mulheres não é apenas uma questão de justiça, mas uma necessidade para o fortalecimento da democracia e para o avanço social da cidade. A luta pela representação feminina continua, e a esperança é que, finalmente, Cotia possa romper esse ciclo e abraçar a diversidade em sua política.