Apenas cinco dias. Esse foi o tempo que Alexandre Frota (PDT) permaneceu como líder do governo na Câmara Municipal de Cotia. Sua nomeação foi oficializada pelo prefeito Wellington Formiga (PDT) através do ofício GP.DAO.L nº 03/2025, assinado em 22 de janeiro. Porém, em menos de uma semana, Frota anunciou que estava fora. O que aconteceu nos bastidores para que a relação com o governo desmoronasse tão rapidamente?
A decisão oficial foi anunciada pelo próprio Frota em suas redes sociais, onde afirmou ter "declinado do cargo". No entanto, fontes sólidas na Câmara e na Prefeitura indicam que a relação entre o vereador e o Executivo se tornou insustentável. O parlamentar, eleito com apoio da base governista, passou a expor críticas constantes à nova administração municipal, incluindo o vice-prefeito Paulinho Lenha e o próprio prefeito Formiga, gerando desconforto entre os aliados.
A função de líder do governo exige articulação entre Executivo e Legislativo, sendo o porta-voz do prefeito na Câmara e o principal interlocutor entre os vereadores e a gestão municipal. No entanto, o perfil combativo e de pouca abertura ao diálogo de Frota o distanciou desse papel. Conhecido por suas críticas incisivas e exposições nas redes sociais, o vereador frequentemente usa sua influência digital para denunciar problemas na cidade, mas sem necessariamente articular soluções dentro do parlamento.
O vereador Alexandre Frota, que tem mais de um milhão de seguidores no Instagram e grande engajamento digital, parece ter apostado mais na autopromoção do que na governabilidade. Seu estilo combativo, marcado por embates virtuais, exposição de desafetos e ataques diretos, acabou isolando-o dentro do próprio grupo político.
Ser líder de governo exige articulação, algo que Frota claramente não conseguiu exercer. Sua postura agressiva, que pode funcionar bem no cenário de oposição, se mostrou um problema quando aplicada ao papel de porta-voz do prefeito na Câmara. Frota não apenas criticou a nova administração – com menos de 30 dias de governo –, como usou suas redes sociais para expor fragilidades e desgastar a gestão Formiga.
Seus embates não se restringem apenas à esfera municipal. Frota tem um histórico polêmico na política nacional: foi aliado de Jair Bolsonaro, mas rompeu com o ex-presidente e foi expulso do PSL. Depois, migrou para o PSDB durante a gestão Doria e, posteriormente, tentou se aproximar do governo Lula, sem sucesso. Agora, na política municipal de Cotia, sua rápida passagem como líder do governo e sua postura de confronto indicam que ele pode estar mirando novos voos políticos.
Uma das críticas recorrentes ao vereador é que suas ações parecem se restringir ao universo digital. Embora publique vídeos constantes mostrando problemas na cidade, fontes políticas apontam que pouco do que é exibido é realmente resolvido. Quando confrontado por internautas, Frota adota uma estratégia controversa: bloqueia usuários e desativa comentários críticos. Isso levanta uma questão importante: qual é o impacto real do seu mandato?
Em nota oficial, a Prefeitura de Cotia afirmou que a decisão de Frota foi de caráter pessoal e que a relação entre o vereador e o Executivo continua "boa e propositiva". A gestão também garantiu que um novo líder de governo será anunciado em breve e que todos os vereadores serão atendidos dentro do possível, independentemente de serem da base ou da oposição.
Com a saída de Frota, resta saber quem será o novo escolhido para assumir a função. Mas, acima de tudo, a pergunta que fica é: Alexandre Frota está realmente disposto a exercer seu mandato ou já está de olho no próximo cargo?
Aguardemos os próximos capítulos.