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Clima de Pânico: Vereador Alexandre Frota é acusado de assédio e perseguição na saúde de Cotia

Ações “fiscalizatórias” sem autorização oficial expõem servidores; promotores já acompanham o caso de perto

Jornalismo
Por: Jornalismo
15/04/2025 às 11h41 Atualizada em 15/04/2025 às 12h21
Clima de Pânico: Vereador Alexandre Frota é acusado de assédio e perseguição na saúde de Cotia

A saúde pública de Cotia está à beira de um colapso. As reiteradas ações do vereador Alexandre Frota (PDT), que tem invadido unidades de saúde sem autorização das autoridades competentes, filmando e expondo rostos de profissionais da saúde em suas redes sociais, estão gerando uma crise sem precedentes. Médicos e enfermeiros denunciam um ambiente de medo, perseguição e assédio moral, enquanto promotores do Ministério Público local já acompanham o caso de perto.

Frota tem se valido do mandato para promover supostas “fiscalizações” sem qualquer comunicação ou autorização prévia da Secretaria Municipal de Saúde, do CREMESP (Conselho Regional de Medicina) ou de outros órgãos fiscalizadores. Nessas ações, ele invade ambientes de trabalho, grava servidores sem permissão e publica vídeos que inflamam parte da população contra os profissionais.

A mais recente dessas ações ocorreu na UPA do Atalaia, onde o vereador entrou sem máscara e sem autorização, acompanhado de seus assessores. Ele filmou o interior da unidade, entrou em espaços restritos e salas de descanso de médicos plantonistas e iniciou discussões constrangedoras. A cena foi amplamente divulgada em suas redes sociais.

Servidores adoecem e pedem demissão

De acordo com fontes ouvidas pela reportagem do Jornal Tabloide, os efeitos psicológicos das atitudes do vereador são devastadores: profissionais estão adoecendo, pedindo afastamento ou pedindo demissão em massa. O medo de ser exposto publicamente levou plantonistas  da região a recusarem escalas em Cotia, comprometendo o funcionamento de postos e prontos atendimentos de urgência.

“Não é fiscalização, é perseguição. A gente vive sob pressão constante, como se estivesse sendo vigiado por uma câmera 24h por dia. Isso é terrorismo psicológico”, relatou uma enfermeira que pediu anonimato por medo de retaliações.

O sindicato da categoria já recebeu diversas denúncias formais contra Frota. As reclamações apontam abuso de autoridade, assédio moral, constrangimento público e perseguição institucional. 

“Antes a gente se preocupava com segurança externa. Agora, a maior ameaça está dentro do próprio poder público”, afirmou um médico que cancelou seus próximos plantões na cidade.

Diante da gravidade da situação, promotores de Justiça da cidade já acompanham os casos de perto, analisando as denúncias e as consequências legais das ações do parlamentar. Há indícios de que as ações de Frota possam violar garantias constitucionais e leis que protegem o ambiente de trabalho e a dignidade dos servidores públicos.

O maior perigo, segundo os profissionais, é o efeito colateral nas ruas. Os vídeos publicados pelo vereador, que já somam milhões de visualizações, têm inflamado parte da população contra os trabalhadores da saúde. Casos de agressões verbais e físicas já foram relatados em diversas unidades.

“A gente está sendo tratado como vilão. Tem paciente que já chega com o celular filmando, gritando, ameaçando. É um efeito dominó perigoso”, alertou um funcionário.

A postura de Frota também tem provocado mal-estar interno no PDT, partido ao qual é filiado. Militantes e dirigentes sindicais estão incomodados com o comportamento do vereador, que contraria os princípios da legenda em defesa dos trabalhadores.

# Fiscalização Sim, Exposição Não

A crise em Cotia levanta um debate urgente: quais os limites da fiscalização parlamentar? Até onde um vereador pode ir sem ultrapassar a linha do respeito ao servidor e às instituições?

Para os profissionais da saúde, a resposta já está clara: “Fiscalização sim, exposição não”.

O que se vê hoje em Cotia não é controle público, é espetáculo com consequências reais para a vida de quem trabalha e depende do SUS.

De protetor da ética a expositor de servidores: Por que Frota mudou de ideia tão rápido?

Uma pesquisa da equipe de jornalismo do Jornal Tabloide revelou uma contradição grave e curiosa na trajetória política de Alexandre Frota. Em 2020, quando ainda era deputado federal pelo PSDB-SP, ele apresentou na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 3327/20, que visava justamente coibir parlamentares que expusessem profissionais da saúde durante fiscalizações.

O texto da proposta é claro: "O parlamentar que fizer imagens de fiscalização em hospitais terá o mandato suspenso até o fim da apuração do caso." A medida também exigia que o parlamentar agisse com urbanidade e cordialidade nas visitas a unidades de saúde.

Na justificativa da proposta, Frota foi enfático:

“Entrar em enfermarias, consultórios e UTIs causa problemas para os profissionais da área e, principalmente, aos enfermos. Não há o menor cabimento em sacrificar ainda mais os profissionais da saúde, que devem parar com seus atendimentos para dar atenção àqueles que não têm consideração pelos pacientes e, em regra, estão ali para fazer da doença dos brasileiros palanque eleitoral.”

Hoje, o mesmo Frota ignora suas próprias palavras e lidera uma onda de exposições públicas, sem qualquer processo administrativo ou denúncia formal. O que motivou a mudança?

Nos bastidores políticos, a resposta é uma só: engajamento nas redes sociais. Fontes próximas ao vereador confirmam que ele planeja disputar a Prefeitura de Cotia em 2028, e vê nas redes sociais uma forma de ganhar visibilidade a qualquer custo — mesmo que isso custe a dignidade e a estabilidade emocional dos trabalhadores da saúde.

O problema é que essa estratégia pode sair caro. A administração municipal já sente os reflexos: evasão de profissionais, dificuldade para montar escalas e risco de colapso no atendimento básico. Médicos continuam recusando plantões, e há relatos de profissionais pedindo transferência para outras cidades da região metropolitana.

Se o objetivo é fortalecer uma candidatura, o preço poderá ser alto demais para quem depende do SUS em Cotia.

Até o fechamento desta matéria não obtivemos retorno do vereador e da prefeitura. 

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Cotia era um ponto de passagem, próximo ao aldeamento de Akuti, no Caiapiá, que mais tarde passou a chamar-se Cuty e depois Acutia. A origem do nome advém dos mamíferos roedores (kutis), animais de estimação pelos indígenas. No início do século XVIII, sua localização se consolidou junto à Capela de Nossa Senhora de Monte Serrate. Em 2 de abril de 1856, foi elevada à categoria de Vila. Em 19 de dezembro de 1906, pela lei estadual 1038, foi elevada à condição de cidade, com a denominação Cotia.
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