A decisão da Diretoria de Ensino de Osasco de afastar a diretora Simone Tavares Techima da Escola Estadual José Geraldo Vieira, no último dia 13 de maio, desencadeou forte reação da comunidade escolar. Professores, alunos, pais e representantes da sociedade civil se mobilizaram em protesto, denunciando o que consideram uma ação autoritária e injustificável por parte da gestão estadual.
Simone, reconhecida por seu trabalho à frente da escola e por uma gestão democrática que valoriza o protagonismo juvenil, foi afastada sob alegação de estagnação nos resultados do Saresp e suposto descumprimento de metas relacionadas ao uso de plataformas digitais. No entanto, os números mostram outra realidade: a unidade obteve a maior nota da cidade no Saresp, ficando apenas dois décimos abaixo da meta, além de registrar destaque na aprovação de alunos em universidades públicas.
O gesto da Diretoria de Ensino é interpretado pela comunidade como um ataque à autonomia escolar e à construção coletiva da educação pública. Em resposta, no dia 16 de maio, um ato público foi realizado em frente à sede da Diretoria, no bairro Umuarama, onde foi protocolada uma nota de repúdio e exigida a imediata reintegração da diretora. A mobilização contou com apoio da APEOESP e de diversos setores da sociedade.
“Educação não é algoritmo. É vínculo, é escuta, é construção diária”, declarou uma professora durante o protesto, sintetizando a crítica à crescente imposição de metas tecnocráticas e à desumanização das relações escolares. A comunidade ressalta que as plataformas digitais devem ser ferramentas de apoio e não instrumentos punitivos.
Para muitos, a decisão evidencia uma tendência de desmonte da gestão participativa, ferindo princípios constitucionais como a gestão democrática do ensino público. “Quando se silencia uma liderança comprometida com a educação pública, o que está em risco é o próprio futuro das nossas crianças e jovens”, disse um morador da região que acompanhou o ato.
O histórico de excelência da escola também foi lembrado. Desde que se tornou PEI (Programa de Ensino Integral), em 2014, a unidade tem sido exemplo de qualidade e referência no município. Sob a liderança de Simone, esse padrão foi elevado, com projetos pedagógicos inovadores e foco em práticas humanizadoras.
A comunidade teme ainda que o afastamento da gestora, às vésperas da aplicação da prova PISA 2025 — avaliação internacional aplicada pela OCDE — comprometa a estabilidade pedagógica da escola. O exame medirá competências em leitura, matemática, ciências e, este ano, dará ênfase à educação digital.
“Não é apenas uma questão administrativa, é uma questão ética e moral. O que está em jogo é o modelo de educação que queremos defender: tecnocrático e vertical ou democrático e humanizador?”, questiona um dos representantes do movimento.
Com palavras de ordem e faixas nas mãos, os manifestantes reafirmaram o compromisso com a educação pública e declararam que seguirão mobilizados até que Simone seja reintegrada. “A luta do JGV é pela dignidade e pelo direito de aprender com liberdade. Não aceitaremos retrocessos.”