Esta semana li as palavras deixadas nas últimas mensagens do Papa Francisco: “Não podemos estacionar nosso coração nas ilusões deste mundo nem fechá-lo na tristeza; temos de correr, cheios de alegria." Para mim, essa reflexão vai além de uma simples declaração, é um convite a vida e a análise sobre a nossa própria condição. Suas palavras ecoam com uma profundidade que poucos conseguem atingir...
A vida é como uma estrada em constante movimento, onde nosso coração é o veículo que nos leva por diferentes paisagens emocionais. Quando permitimos que esse coração estacione na tristeza e nas ilusões, estamos atrapalhando nossa própria jornada.
As tristezas são paradas inevitáveis no caminho que todos nós percorremos. As perdas, decepções e momentos difíceis fazem parte da nossa experiência. No entanto, transformar essas paradas em estacionamentos permanentes é abrir mão da possibilidade de conhecer novos horizontes. O coração que se fixa na tristeza acaba criando raízes na dor, transformando um sentimento passageiro em uma moradia fixa.
As ilusões, por sua vez, são como espelhos d'água no deserto, parecem oferecer alívio, mas não têm substância real. Quando depositamos nossas esperanças em fantasias irrealizáveis ou em idealizações distantes da realidade, estamos desperdiçando energia que poderia ser direcionada para construir algo concreto e verdadeiro que pode enriquecer a nossa vida.
Permitir que o coração siga seu caminho não significa ignorar as dores ou reprimir os sentimentos. É reconhecer que, assim como na estrada, há momentos para reduzir a velocidade, para sentir e observar o que está ao redor, com a consciência de que o percurso continua além daquele ponto.
Um coração em movimento é aquele que aprende com cada emoção vivida. Ele tira lições das tristezas, reconhece as ilusões pelo que são e segue adiante, mais sábio e mais forte. Ele compreende que a verdadeira jornada não está em encontrar um lugar perfeito para ficar, mas em descobrir a beleza de seguir em frente, sempre.
Não estacionar o coração na tristeza e nas ilusões é um ato de coragem e de amor próprio. É escolher a liberdade do movimento em vez da falsa segurança da estagnação. É acreditar que, além da curva, existem paisagens que ainda merecem ser descobertas, mesmo quando a estrada da vida parece incerta.
Viver plenamente é um convite constante para explorar, aprender e principalmente amar. Abracemos a vida com determinação, permitindo que nosso coração viaje por caminhos repleto de esperança e autenticidade.
Renata Job